domingo, 6 de dezembro de 2009

Os fios da memória

Sinto que a saudade quer me ver. Quer que eu a sinta, pungente, um tanto triste. A memória está tecendo sua trama e os fios partem dos momentos passados, marcam sua trajetória e se enovelam. Cada qual com sua característica, mas todos tem o mesmo objetivo: não deixar que eu esqueça.

Dores, amores, risos, amizades, rancores, prazeres, vaidades, extravagâncias, medos. E, principalmente, as pessoas. Porque são elas que me fazem sentir e dão sentido à vida. E cada fio possui uma representação palpável nesse incrível mundo de ideias. O perfume acompanha o beijo, o som acompanha o olhar. O gosto é doce, e a lembrança, cheia de ternura. O toque suave, mas enérgico, faz uma corrente elétrica me percorrer. 


Impossível esquecer, mas não quero relembrar e me torturar. Só quando a saudade me encontrar. Por isso, fujo dela todos os dias, mas nem sempre tenho fôlego para continuar correndo. É quando caio que ela me abraça, e me mostra quantos novos fios a memória já conseguiu...





 

domingo, 29 de novembro de 2009

O entendimento da transformação

Naquele instante, soube que nunca mais seria a mesma. O caminho em frente era mais do que uma passagem e só o trilharia se estivesse revestida de coragem e de confiança. Os pés não estavam acostumados com as pedras e com o peso das duas novas virtudes, como iriam caminhar sozinhos?


O olhar iluminado. Uma dúvida martelando a consciência:'o que me espera no final?'. Mesmo assim, continuo. Movimentos em velocidade controlada, para não perder os detalhes da paisagem - sem isso, do que vale a viagem? De repente, a saudade me invade... de alguém, de um lugar, de um objeto, de um cheiro, de uma música, de um toque, de um amor. 


Não dura muito essa saudade. No final do caminho, o cometa descobre o amor. E então entende que o seu destino é parar de rodopiar no universo e se expandir em uma galáxia, ser uma nova Via Láctea.





sábado, 28 de novembro de 2009

A energia e o impulso (e isso não é uma aula de Física)

Confio nos meus instintos. Farejo medo, o mal arrepia os pelos da nuca. O bem aquece e acalenta; saboreio, com gula, o prazer. Clarividência e telepatia não são meus dons, mas posso desvendar-te por teus gestos e teu olhar. Diga-me o que pensas, compartilhe suas experiências e terei uma imagem tua, que será parte da minha própria imagem.

O pensamento é a força que move o que temos de mais íntimo. Um ato fora de controle canaliza essa força - o impulso. A razão monta guarda, mas não domina nem controla tamanha energia. Quanto dessa força existe em mim? Enquanto o pensamento for livre, terei tanta energia quanto a explosão da estrela. E deixarei de ser estrela cadente, para ser cometa enfim...











sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A razão marginalizada em mim

É tão fácil fazer alguém se sentir especial, e tão difícil perceber certos detalhes. Sorrir, olhar, tocar, falar, lembrar, ligar, escrever... um pouco da atenção do outro, um afago na alma, mandar embora o fantasma da solidão, que, como disse uma bela alma, pode estar presente quando estamos em uma multidão.

Verdadeiro é o meu coração, inteiro ou em pedaços, sempre baterá por aquilo que deseja e deveras sente. Não me recrimino por deixá-lo sobrepujar a razão, pois não há espaço em mim para o sentimento racional e lógico. Que mal haveria na intensidade do viver? Por que não fazer da minha existência única? Quando você terá a oportunidade em suas mãos novamente? O que está esperando para ser quem é? Celebre todos os dias a vida!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Um tecido fino de trama forte

E existem aqueles que saem de suas casas para buscar companhia naqueles que não conhecem. Falam de suas vidas para qualquer um que esteja com disposição e tempo para ouvi-los. Em um primeiro momento, digo: 'com certeza esse aí é muito sozinho'. Instantes depois, um pouco triste, considero:'é uma alma perdida'. E daí um amigo me diz: 'tem quem prefira ser sozinho mesmo, a convivência com outras pessoas é muito difícil'. 


Saio do prédio pensando nas últimas palavras. Para uns, solidão é escolha, para outros é renúncia. Viver entre semelhantes que divergem é exercer em grau máximo determinadas virtudes: paciência, tolerância, altruísmo... e se deixar levar por sentimentos vis quando a virtude acaba: ódio, indiferença, angústia. Tecer a delicada trama das relações humanas é tarefa árdua, ninguém ensina, aprendemos todos os dias. Cuidarei melhor dos meus tecidos finos de hoje em diante.



domingo, 22 de novembro de 2009

Materialismos espirituais

A matéria que possuímos e que somos, não é nosso espelho. As experiências nos moldam. As dificuldades nos dão têmpera. O caráter, ele sim, imutável.

Personifico as dúvidas da existência, sou múltiplas pessoas. Quando voltar para olhar, verá uma nova paisagem. Se insistir na rotina, quebrará meu encanto.


Crês na existência da alma? Sentes quanta energia flui a tua volta? Proteja teus sentidos, abra os olhos que não estão na tua cara. Vibre na frequência do bem. Fique em paz.






Liberdades e Medos

Ando todos os dias pelas mesmas calçadas, sem perceber o que ocorre a minha volta. Não troco olhares, desconheço os rostos, somente caminho e ouço uma canção. O tempo me castiga, sinto as engrenagens rangerem soltando fuligem.


E na minha pequena viagem, relembro. Raciocino. Pondero. Mais que tudo isso, imagino. Liberto-me das amarras, alcanço sem querer o que me assusta. Dizem que enfrentar os medos é o primeiro passo para que eles desapareçam, mas os meus temores quase sempre me vencem. Fraqueza? Talvez. Ainda assim, é isso que me faz humana.





Ideias que voam...

Disse que era um turbilhão, mas não sabia a quantos quilômetros por hora estava pensando. Atropelavam-me as palavras. Ecoavam distantes as músicas. Aromas perdidos, páginas viradas. Uma lágrima, um flash, um esboço de sorriso.

O corpo, de prazeres imensos, percorri com os dedos. Os sussurros, misturados com as promessas, ficaram para trás. 'E agora?' - questão que me persegue. Queria ser o sol da noite, mas me contentei em ser estrela cadente, para iluminar os desejos dos que ainda olham o céu com esperança.